sábado, 16 de novembro de 2013

O PROBLEMA, O MÉTODO E O DESENROLAR DAS ATIVIDADES

   Adentrar em uma classe de alunos que conhecem bem o conteúdo de matemática e que tiveram toda uma formação específica é um privilégio. Porém, ensinar teorias e métodos educacionais, objeto da área das ciências humanas, para quem optou desenvolver a área de conhecimento de ciências exatas, não é simples, mas é um desafio. Como estudantes da área de ciências exatas pode interessar-se por uma área de
ciências humanas? Falar de prática de ensino para alunos que até o momento tiveram a formação puramente teórica, também é remar contra a corrente. Agora eu teria um desafio ainda maior: como incentivar os alunos a compreender as mudanças ocorridas dentro desta prática de ensino?
   Para que eu, professor da rede estadual do Estado de São Paulo desde 1973, porém nunca professor do ensino superior, pudesse dar uma resposta a estas interrogações exigiu uma pesquisa que estaria em um movimento dinâmico entre prática e teoria, e assim a possibilidade de construir um caminho. Esta exigência mostrava que eu teria de pensar em estratégias que fizessem os alunos expressarem suas ideias através da fala e da escrita - uma vez que são alunos de exatas e não possuem o hábito de expressarem em grupo cooperando na socialização dos seus conhecimentos em sala de aula e por não possuírem o hábito da escrita como forma de expressão de seus pensamentos. Também necessitaria a socialização do que pensam, para juntos, professor-aluno construírem práticas de ensino.
   Para esta socialização na fala e na escrita, criaríamos trabalhos de grupo que socializaríamos com o todo que foi discutido pelo grupo e individualmente ou coletivamente, expressariam por escrito a compreensão da discussão. Contudo, durante as micro-aulas seriam discutidos os pontos negativos e positivos das mesmas, além de trazerem por escrito o planejamento referente a elas. Mas, uma barreira parecia intransponível. Ë possível ensinar prática a alguém sem que este a pratique? É possível praticar com os seus pares conteúdos já conhecidos? Teríamos que praticar a partir do que existe pronto, ou era bom conhecer novos caminhos antes de pô-los em prática? Seria oportuno criar situações para que
novos caminhos práticos também surgissem? O método que utilizaríamos seria o da reflexão contínua, uma vez que seria a primeira vez que estaríamos trabalhando em nível de terceiro grau, e é claro que esta reflexão estaria sempre sendo socializada com os alunos que, por sinal nesta fase da vida, podem ser considerados adultos. Portanto, estaríamos assim fazendo um caminho novo, bem diferente daquele que os alunos fizeram antes na universidade. Sendo um caminho novo não saberíamos aonde chegar, e nem teríamos muitas referências de como poderíamos percorrê-lo, mas teríamos de ter a ousadia de criá-lo, e creio ser este um dos aspectos importantes na formação de um etnomatemático. Ousar criar caminhos.
  Contudo, para criar caminhos é necessário entendermos as diferenças que existem entre o treinar, educar e ensinar. Seriam diferentes estas três atitudes em um profissional da educação, ou seriam elas as mesmas? Qual a diferença?

Ensino de Matemática desenvolvida por um etnomatemático: novos caminhos novos rumos

Pedro Paulo Scandiuzzi1

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